Perguntas e Respostas
Conexão com o protocolo V.90

 

Quando fala-se sobre conexões utilizando o protocolo V.90, que permite comunicação em 56 kbps para download, muitas dúvidas surgem. Abaixo seguem algumas informações sobre esse tipo de conexão e os fatores envolvidos.

1- As ligações de voz e e outras de dados serem demoduladas quando caem na rede digital da telefônica e moduladas quando saem da rede digital para o outro ponto. Embora este sistema tenha sido projetado para trabalhar sempre com pontos finais analógicos, basicamente aparelhos de telefone, os dados de qualquer origem são digitalizados nas centrais e trafegam entre as centrais que roteiam os dados na forma digital. O protocolo V.90 tira proveito desta arqutetura da rede de telefonia digitalizada, para isto modems apropriados enviam os sinais na forma digital, estes trafegam entre as centrais da mesma forma e não são modulados pela última central, desta forma os sinais que chegam ao modem aqui de casa, por exemplo, são digitais. O sinal nunca sofreu nenhuma conversão digital-analógica nem analógica-digital desde que saiu do meu provedor até aqui o meu quarto mesmo trafegando pelo ordinário par de cobre desde a última central até aqui. Da minha casa para o provedor há conversão analógica-digital, o sinal sai da minha casa modulado pelo meu modem ( MOduletor- DEModulator, daí o nome MODEM) é digitalizado pela central e chega na forma digital até o provedor, como o sinal faz parte do trajeto na forma analógica "upstream" obedece o limite de 33.6kbs, já que é absolutamente impossível obter-se tráfego mais veloz do que isto na forma analógica com as freqüências das redes tefefônicas, mas...

2- Eu também poderia estar aqui tanto recebendo como enviando dados no protocolo V.90, mas para isto além de um modem capaz de enviar a V.90 eu também precisaria estar conectado a uma linha efetivamente digital, como, por exemplo, um canal E1 ( mais conhecido como Digitronco de 2 Megabits, normalmente tem multiplexadas temporalmente 30 linhas telefônicas) que estivesse ligado a uma central específica que conecta os sinais diretamente com a rede digital da telefônica sem tentar fazer nenhuma demodulação.

O meu condomínio também poderia requisitar canais E1, comprar um multiplexador digital, dividirir os sinais entre várias linhas individuais e eu ter instalado aqui na minha casa um modem capaz de tanto enviar como receber em V.90. Assim uma conexão V.90 não é sempre assimétrica, ela pode ser tanto simétrica como assimétrica.

3- Os provedores de acesso a protocolo V.90, 56 kflex ou x2, não têm um aparelho para fazer especificamente a multiplexação digital, como eu citei acima no exemplo de um condomínio. Não há necessidade disto, somente em locais com pontos fisicamente espalhados, como telefones, isto se justifica. Os servidores de acesso remoto específicos já fazem este serviço, simplesmente conecta-se o canal E1 ( que é a banda digital padrão no Brasil, mais larga ,diga-se de passagem, que o padrão americano, o T1) no bastidor e 30 modems já podem enviar a V.90, normalmente os servidores de acesso remoto da Ascend ( série Max), 3Com/Robotics ( sérieTotal Control) e o mais popular, o Livingston/Lucent (Portmaster) aceitam 2 canais E1 e possuem 60 modems cada, cada canal E1 multiplexa temporalmente sinais de 30 modems.

4- É perfeitamente possível e bastante comum alcançar taxas reais da ordem de 55 k com o uso modems V.90, desde que se obedeça a alguns requisitos:

  • Seu ponto não deve distar mais de 3 milhas terrestres da central a que se conecta, afinal o sinal proveniente do seu provedor deverá transitar desde esta central na forma digital pelos ordinários cabos de cobre até o seu computador. No entanto isto é coisa comum, nos grandes centros urbanos dificilmente algum ponto vai distar mais do que isto de sua central.

  • As centrais têm que ser digitais, não pode haver nenhuma conversão digital-analógica no sentido servidor RAS-cliente, ou seja do provedor até o seu computador.

  • Como já foi dito o provedor deverá ter linhas verdadeiramente digitais, conectadas diretamente à rede digital da telefônica local, ou seja, deverá possuir digitroncos.

  • Tem que tem um modem decente, não adianta comprar um winmodem com chipset Motorola e achar que vai conseguir uma boa conexão, aliás com estas bombas se conseguir 40 k já é festa.

Eu estou, neste exato momento, conectado na velocidade que costumeiramente me conecto aqui de casa, que é 54.666 bits por segundo, usando um U.S. Robotics Sportster hardmodem.

5- A velocidade de conexão é muitas vezes renegociada durante a conexão, assim, da mesma forma, eu posso fazer um handshake a 54,7 k e 10 minutos depois estar me comunicando com o meu provedor a apenas 9,6 k, bastando para isto que as condições da linha se deteriorem neste período. Observe que ainda que eu esteja conectado a apenas 9,6 k/s minutos depois, se no handshake foi negociado 54,7 k o indicado pela rede dial-up ou pelo Hyperterminal será sempre os 54,7k e não a velocidade atual da conexão.

Para se medir o desempenho "real" da conexão existem alguns programas específicos, entre eles o Netmon e o Netmedic. Eu coloquei "real" entre aspas propositadamente, isto porque estes programas verificam a velocidade com os dados chegam à porta lógica do modem, ou seja sabem apenas quantos dados passam pela UART e chegam ao endereço de memória da porta lógica e não qual a quantidade de dados que efetivamente trafegaram pela linha telefônica em cada segundo, com isto o protocolo de compressão V.42 bis, que é bastante eficiente, pode levar o usuário desavisado a imaginar que está conectado a velocidades astronômicas quando estiver baixando páginas web ou arquivos de texto por exemplo. No entanto ao baixar arquivos pré-compactados do tipo .rar estes programas de monitoração podem fornecer uma informação bastante realista da velocidade efetiva da conexão.

Veja, você vai na casa do seu vizinho copiar do computador dele um arquivo de texto de 5MB, comprime o arquivo que depois de comprimido ocupa apenas 1,4 MB, a seguir o grava em um único disquete, descompacta no seu computador onde ele volta a ter 5 MB e mostra isto para um leigo. O leigo pode pensar que o disquete transportou 5 MB, sabemos contudo que ele transporta apenas 1,4MB, o resto foi fruto da compressão.

6) Há confusão entre os termos "placa de rede RDSI" e "modem RDSI". O que acontece é que por força do hábito muitos fabricantes, de ma fé, chamam de Modem-ISDN o que na verdade não passa de um adaptador RDSI. A diferença é que para se conectar a uma rede RDSI não precisa de modem algum, não há nenhum trabalho de modulação nem demodulação, a conexão é sempre totalmente digital e por isto um adpatador ISDN não precisa ser também modem, são tecnologicamente aparelhos muito mais simples que um modem, por isto bem mais baratos.

No entanto muitos adaptadores RDSI são também modems, capazes tanto de se conectar a uma rede digital como fazer conexões analógicas, como conectar-se diretamente com outro computador dotado de um modem analógico, um exemplo disso é o US Robotics I-Modem, que custa cerca de 350 Dólares, aliás um modem destes em sua linha permitiria enviar dados a 56 k se o modem do outro lado fosse V.90, um v.90 comum mesmo, como este aqui que estou usando.

Somente para te dar uma Idéia, um servidor de acesso remoto com 60 modems 56 k custa cerca de 40 mil Dólares ao passo que, exatamente o mesmo aparelho, mas preparado para 60 conexões ISDN custa cerca de 7 mil dólares.

 

Aurélio



Hard&Cia - 2001
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